O aspecto geral dos membros de sustentação do cavalo, como posição das patas, arqueamento dos joelhos, entre outras características, é chamado de aprumos. Na natureza, nem sempre os animais são perfeitamente aprumados, por isso é necessária uma boa escolha para a criação de cavalos.
Um cavalo bem aprumado tem maior chance de render tudo o que se possa esperar dele. Com certeza, animais bem aprumados realizam movimentos locomotores muito melhores, e para que seu cavalo esteja em perfeitas condições, seja qual for o uso dado a ele, não hesite em chamar um veterinário ou um ferrador bem condicionado. Com esta ajuda, o seu animal ficará mais bonito, saudável, e bem aprumado.
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PERFIL - Deverá partir da articulação escápulo-umeral, na sua porção mais anterior e descer paralelamente ao membro, tocando o solo a cerca de 10 cm à frente da pinça do casco. Tirada do centro de sustentação da espádua sobre os membros anteriores, passar pelo meio do braço e tocar o solo pelo meio do casco como se o dividisse lateralmente em dois. (figura ao lado).
FRENTE - Esta linha é uma vertical baixada da ponta da espádua ao solo. Dividir teoricamente o joelho, a canela, a quartela e o casco em partes iguais.
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VISTO DE PERFIL -baixada da ponta da nádega, tangenciando o jarrete, tocar o solo atrás dos talões. Baixada da soldra, toca o solo a cerca de 10 cm adiante do casco. É a linha baixada da articulação coxo-femural, quepassa pelo centro da perna e toca o solo, dividindo o casco pelo meio.
VISTO DE TRÁS - baixada da ponta da nádega ao solo e dividir, a partir do jarrete, as regiões ao meio, ficando entre os cascos uma distância igual a largura destes




O "Equilíbrio" do Casco
O "Equilíbrio" do Casco
Afirmar que o casco é uma peça-chave no que diz respeito à funcionalidade do cavalo é, certamente, uma frase muito pouco polêmica.
Afirmar que um cavalo bem ferrado deveria apresentar cascos perfeitamente equilibrados também não provocará grande divergência de opiniões. Mas estou certo de que poucos assuntos provocarão tanta divisão quer entre ferradores quer entre médicos veterinários como a definição de "equilíbrio" do casco.
Existem vários parâmetros que nos poderão ajudar a definir o equilíbrio do casco e podemos dividi-los em dois grupos: aqueles que definem um equilíbrio morfológico, isto é, que consideram como base a simetria do casco e o "equilíbrio" das suas formas físicas, e aqueles que definem um equilíbrio dinâmico, que avaliam a direção do movimento do membro entre as fases de apoio, o modo mais ou menos "plano" como o casco entra em contato com o solo e como depois o abandona, etc...
Idealmente, poderíamos então definir um casco "bem equilibrado" como um casco de formas simétricas e com um padrão de movimento simétrico, em que as paredes interna e externa entram em contato com o solo simultaneamente, e sem desvios para o interior nem para o exterior durante a fase de suspensão.
Na prática, infelizmente, essa situação não existe. Como tal, é muitas vezes necessário optar entre dar prioridade à morfologia ou à dinâmica, e é neste ponto que reside maior controvérsia.
O que fazer então quando nos deparamos com um cavalo com um casco simétrico mas com apoio assimétrico, ou seja, um dos lados do casco entra em contato com o solo um pouco antes do outro? "desequilibramos" o casco para conseguir um apoio simétrico? E um cavalo com um casco assimétrico mas com apoio simétrico? Aparamos o casco de modo a que fique mais "equilibrado", provocando deste modo um apoio assimétrico?
Evidentemente que não há respostas absolutas para este tipo de questões, há que analisar os casos individualmente e ter em conta uma série de fatores: conformação, idade, atividade na qual o cavalo é utilizado, etc...
Todo o membro deve ser observado para que melhor se compreendam os efeitos que determinada "correção" pode ter sobre os aprumos. Por exemplo, é comum afirmar que um cavalo esquerdo (cavalo que apresenta uma rotação da extremidade dos membros anteriores para fora) deve ser corrigido "baixando" o casco do lado de fora, isto é, cortando mais a parede externa do casco. Ora, o que geralmente acontece com este tipo de conformação é que se costuma desenvolver em cavalos abertos de frente, isto é, cavalos que apóiam os membros anteriores mais afastados um do outro quando parados e vistos de frente, o que origina um maior esforço sobre o lado interno dos membros e, conseqüentemente, um maior desgaste da parede interna do casco.
Portanto, ao "baixarmos" a parede externa do casco, estamos a tentar equilibrar a distribuição do peso, aliviando todo o lado interno do membro.
Por outro lado, um outro cavalo, também esquerdo mas que seja tapado de frente (apoiando os membros mais perto um do outro formando como que um "V" quando visto de frente) já desgasta mais a parede externa do casco, pelo que não faz sentido "baixá-la" ainda mais.
Outro aspecto a ter em conta, como já referimos, é a idade. Quando falamos de cavalos adultos já não podemos corrigir, limitamo-nos a compensar e melhorar aprumos e outras características ligadas aos andamentos (por exemplo, evitar que um cavalo se toque ou se alcance). Qualquer tentativa de correção propriamente dita deve ser feita antes dos 9-12 meses de idade, pois nesta idade já as chamadas placas de crescimento (local dos ossos longos onde ocorre o crescimento em comprimento) dos ossos das extremidades dos membros estão "soldadas". Daí se compreende a importância do acompanhamento, por parte do ferrador, do crescimento dos cascos nos poldros logo a partir das primeiras semanas. Nesta tenra idade, umas pequenas passagens com a grosa podem ter um valor incalculável meses ou mesmo anos mais tarde.
Em conclusão, ao analisar os cascos de um cavalo adulto é importante observá-lo tanto parado como em movimento, devendo os cascos ser aparados de modo a proporcionar uma distribuição uniforme do peso, evitando "correções" radicais e não comprometendo a normal expansão dos quartos e talões através da colocação de cravos demasiado atrasados ou ferraduras demasiado pequenas. Independentemente da forma material das ferraduras utilizadas, devemos procurar uma ferração com a qual o cavalo se sinta o mais confortável possível, em vez de o tentar corrigir em função de um aprumo ideal que não existe.
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